Publicado em:
Sopros cardíacos podem ser indícios de comunicação interatrial e interventricular. Entenda o que são essas anomalias cardíacas congênitas e conheça os seus sintomas.
Comunicação interatrial e comunicação interventricular são condições cardíacas que envolvem anormalidades na estrutura do coração. Essas patologias podem se apresentar de formas muito brandas, com poucos sintomas, ou de maneira mais graves com necessidade de correção precoce.
A comunicação interatrial ocorre entre os átrios, enquanto a comunicação interventricular ocorre entre os ventrículos. A comunicação interatrial pode levar a um aumento no fluxo sanguíneo nos pulmões. Já a comunicação interventricular pode resultar em uma sobrecarga nos pulmões e no coração.
Neste artigo, explicaremos o que é cada uma dessas condições, destacando seus sintomas e a importância de identificá-las a fim de iniciar o tratamento e prevenir complicações.
A cardiologista especializada em Cardiopatias Congênitas Dra. Vivian De Biase, membro da equipe de Cardiologia do Hospital São Luiz Morumbi em São Paulo, esclarece que a comunicação interatrial, comumente conhecida como CIA, representa uma anomalia congênita. Isso significa que, durante o período fetal, enquanto o bebê está em desenvolvimento dentro do útero materno e seus órgãos estão sendo formados, ocorre uma irregularidade no desenvolvimento do coração.
O coração é composto por quatro cavidades separadas por músculos e válvulas. A comunicação interatrial refere-se a uma abertura no músculo que separa os átrios, as duas cavidades superiores do coração. “É como se fosse realmente um ‘buraquinho’ que não deveria existir, e, uma vez que ocorre, há passagem de sangue de um lado para o outro, o que também não deveria acontecer. Isso acaba sobrecarregando o lado direito do coração”, explica a médica.
A comunicação interventricular, também conhecida como CIV, segue o mesmo princípio da CIA. No entanto, nesse caso, o orifício está localizado no músculo que divide os ventrículos, as duas cavidades inferiores do coração.
Essa condição envolve a existência de uma abertura anormal entre os dois ventrículos e permite que o sangue se misture entre essas câmaras, causando alterações na circulação sanguínea e impactando o funcionamento cardíaco.
“A comunicação interventricular também gera uma passagem de sangue dentro do coração que não deveria existir. Por sua vez, a CIV acaba sobrecarregando as cavidades esquerdas do coração”, aponta a especialista.
Os sintomas podem variar, mas ambos os tipos de comunicação podem levar a fadiga, dificuldade respiratória e outros problemas cardiovasculares se não forem tratados.
É muito importante compreender as diferenças entre comunicação interatrial e comunicação interventricular para promover a conscientização sobre problemas cardíacos e incentivar a busca por cuidados médicos.
O diagnóstico tanto da comunicação interatrial quanto da comunicação interventricular é realizado principalmente pelo ecocardiograma, que irá mostrar a anatomia do coração.
“Uma avaliação clínica com um especialista é essencial para que através das queixas do paciente, de um exame físico completo e da possibilidade de existir uma CIA ou CIV, o exame seja solicitado e devidamente analisado”, destaca.
A médica relata ainda que exames complementares como eletrocardiograma e holter 24h são solicitados, uma vez que as duas patologias podem gerar arritmias cardíacas, alterações no ritmo cardíaco.
LEIA TAMBÉM: Coração acelerado: o que pode ser e o que fazer?
“Por ter apresentações tão variáveis, essas anormalidades podem ser diagnosticadas na infância, ou passar despercebidas durante muitos anos e serem diagnosticadas somente na idade adulta. Por esse motivo é de extrema importância a individualização de cada paciente no momento da consulta e do diagnóstico”, complementa a especialista.
Segundo a Dra. Vivian De Biase, o tratamento para ambas patologias irá depender de características de cada paciente. “Dependendo da localização da comunicação, do orifício, no músculo, pode ser indicado correção cirúrgica ou um procedimento hemodinâmico minimamente invasivo, em que um catéter com uma prótese, através dos vasos sanguíneos chega até o coração e consegue fechar o orifício”, explica.
Identificar e tratar precocemente tanto a comunicação interatrial quanto a comunicação interventricular são fundamentais para a prevenção de complicações sérias, incluindo insuficiência cardíaca e problemas respiratórios.
Exames cardíacos regulares e a consulta a um cardiologista são essenciais para garantir um diagnóstico rápido e intervenção adequada. Notou algum dos sintomas dessas anomalias em você ou no seu filho? Agende uma consulta com um especialista D’Or.